sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

NOME DO MEDICAMENTO VETERINÁRIO
MILTEFORAN 20 mg/ml, solução oral para cães.

COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA
Cada ml contém:
Substância activa:
Miltefosina………………. 20 mg

FORMA FARMACÊUTICA
Solução oral.
Solução viscosa incolor.

INFORMAÇÕES CLÍNICAS

Espécie(s) alvo
Caninos.

Indicações de utilização, especificando as espécies alvo
Controlo da Leishmaniose canina.
Os sinais clínicos da doença começam a diminuir claramente, imediatamente após o início do tratamento e duas semanas depois reduzem-se significativamente. Estes sinais continuam a melhorar pelo menos durante 4 semanas depois do fim do tratamento.

Contra-indicações
Não utilizar em caso de hipersensibilidade à substância activa ou a algum dos excipientes.
Não administrar o medicamento veterinário durante a gestação, lactação ou em animais reprodutores.

Advertências especiais para cada espécie alvo
Deve evitar-se uma subdosagem de forma a diminuir o risco de desenvolvimento de resistência, que pode levar a uma terapêutica ineficaz.

PRECAUÇÕES ESPECIAIS DE UTILIZAÇÃO

Precauções especiais para utilização em animais
O peso do cão deve ser determinado com precisão antes e durante o tratamento.
Recomenda-se que se coloque o produto na comida do animal de forma a reduzir os efeitos secundários a nível digestivo.
No caso de aparecimento de reacções adversas (como por ex. vómitos, diarreia) consulte o seu médico veterinário. O uso conjunto de um agente antiemético pode reduzir os vómitos, no caso destes surgirem. Para os cães que sofrem de insuficiências hepáticas e cardíacas, administrar apenas em conformidade com a avaliação benefício/risco realizada pelo médico veterinário responsável.
No caso em que suspeite que a sua cadela esteja grávida, antes de administrar o medicamento, consulte o seu médico veterinário.

Precauções especiais que devem ser tomadas pela pessoa que administra o medicamento aos animais
Em caso de ingestão acidental ou derrame sobre a pele, dirija-se imediatamente a um médico e mostre-lhe o folheto informativo ou o rótulo.
As pessoas com hipersensibilidade conhecida à miltefosina devem evitar o contacto com o medicamento veterinário ou com qualquer tipo de excremento animal (matéria fecal, urina, vómito, saliva etc.) e devem administrar o medicamento com precaução.
O medicamento pode provocar irritação da pele e dos olhos bem como sensibilização: Deve ser usado equipamento de protecção individual constituído por luvas e óculos durante a utilização do medicamento veterinário. No caso de contacto acidental dos olhos ou pele, lavar imediatamente com bastante água e procurar ajuda médica.
O medicamento não deve ser administrado por mulheres grávidas, que tencionem engravidar ou cujo estado de gravidez é desconhecido.
Não permitir que os cães tratados lambam pessoas imediatamente após terem recebido a medicação.
Não comer, beber ou fumar durante a utilização do medicamento veterinário.
Tenha o cuidado de não agitar o frasco de forma a evitar a formação de espuma.

Reacções adversas (frequência e gravidade)
Durante os estudos clínicos, foi muito comum a ocorrência de vómitos moderados a transitórios (16% dos cães tratados) e foi comum a ocorrência de diarreia (12% dos cães tratados). Estes efeitos ocorreram num período, de cerca de 5 a 7 dias após o início do tratamento durante um período de 1 ou 2 dias na maioria dos casos, mas estes efeitos podem durar mais tempo, mais de 7 dias para certos animais. Não afectaram a eficácia do medicamento e consequentemente não requerem a interrupção do tratamento ou alteração do regime de dosagem. Estes efeitos foram reversíveis no final do tratamento e todos os cães recuperaram sem qualquer terapia específica.

Utilização durante a gestação e a lactação
A segurança do medicamento veterinário não foi determinada durante a gestação, a lactação ou em animais reprodutores.
Não administrar o medicamento veterinário durante a gestação, a lactação ou em animais reprodutores.
Os estudos de laboratório efectuados em ratos e coelhos revelaram efeitos teratogénicos (ratos), embriotóxicos, fetotóxicos e maternotóxicos.
Administrar apenas em conformidade com a avaliação benefício/risco realizada pelo médico-veterinário responsável.

Interacções medicamentosas e outras formas de interacção
Desconhecidas.

Posologia e via de administração
O medicamento deve ser administrado por via oral na dose de 2 mg/kg de peso corporal (o que corresponde a 1 ml da solução oral por cada 10 kg de peso corporal por dia), colocado sobre a comida, no alimento completo ou parte do alimento, uma vez por dia, durante 28 dias.
Dado que o parasita está localizado dentro dos tecidos profundos (medula óssea, nódulos linfáticos, baço, fígado), é crucial respeitar a duração do tratamento (28 dias) para assegurar a eficácia do medicamento.
O peso do cão deve ser determinado com precisão antes e durante o tratamento.

Sobredosagem (sintomas, procedimentos de emergência, antídotos), (se necessário)
Um estudo de sobredosagem (até duas vezes a dose recomendada durante 28 dias) demonstrou a ocorrência de efeitos indesejáveis, tais como: vómitos incontroláveis.

Intervalo(s) de segurança
Não aplicável.

PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS 
Grupo farmacoterapêutico: Agentes contra leishmaniose e tripanosomose
Código ATCvet: QP51D

Propriedades farmacodinâmicas
A leishmaniose canina é uma doença letal devido à Leishmania infantum transmitida pela picada de um insecto (Phlebotomus spp). A miltefosina tem uma actividade anti-leishmania in vitro directa e acentuada, em modelos animais, contra L. donovani (sistemas de teste promastigota e amastigota) e contra L. Infantum.
É aceito comumente que a Miltefosina inibe a penetração da espécie Leishmania nos macrófagos através da interacção com os glicosomas e com âncoras de glicosil-fosfatidil-inositol (essenciais para a sobrevivência intracelular da Leishmania) e perturba a transdução do sinal da membrana da Leishmania através da inibição da fosfolipase C.

Propriedades farmacocinéticas
Depois da administração oral nos cães, a miltefosina é quase completamente absorvida com uma biodisponibilidade absoluta de 94 %. Depois de uma dose terapêutica de 2 mg/kg por dia, a concentração máxima no plasma (Cmax) é de cerca de 32582 ng.ml -1 em cães alimentados. Nos ratos, a administração oral repetida resultou em níveis de drogas com a seguinte ordem decrescente: rins, pele, glândulas adrenais, baço, intestino delgado, tecido gordo, estômago, fígado, pulmão, soro, cólon, cérebro, coração e músculo: sendo muitos destes órgãos a localização das formas amastigota. Nos ratos, a miltefosina foi quase distribuída igualmente entre o plasma e os eritrócitos. 24 h após injecção intravenosa de miltefosina nos ratos fêmea, 63% da radioactividade extraível do fígado foi recuperada sob a forma de composto inalterado.
A miltefosina é caracterizada por uma semi-vida de eliminação lenta (t½ de 160 h) e uma depuração plasmática lenta (Cl = 0,04 ml/kg/min). Após administrações repetidas de milteforan em doses terapêuticas de 2 mg/kg/ por dia, durante 28 dias, em cães alimentados, a concentração máxima no plasma (Cmax) é de cerca de 32582 ng.ml-1 ± 4030 ng.ml-1 com um Tmax médio de 5,0 ± 2,0 h e a AUC 0-t é 649617. 94478 ng.h.ml -1 após a última administração. A semi-vida de eliminação obtida após a última administração é longa com uma t½= 153 ± 13.7 h. Consequentemente, administrações repetidas de milteforan durante 28 dias levaram a uma acumulação com um factor de 7,65 ± 1,99. A miltefosina é eliminada principalmente por via fecal e cerca de 10% da dose administrada é eliminada nas fezes como fármaco original. A eliminação da miltefosina por via urinária é insignificante.

INFORMAÇÕES FARMACÊUTICAS

Lista de excipientes
Hidroxipropilcelulose, Propileno glicol, Água purificada.

Incompatibilidades 
Não aplicável.

Prazo de validade
Prazo de validade do medicamento veterinário tal como embalado para venda: 3 anos
Prazo de validade após a primeira abertura do acondicionamento primário: 1 mês

Precauções especiais de conservação
Este medicamento veterinário não necessita de quaisquer precauções especiais de conservação.

Natureza e composição do acondicionamento primário
Frascos inquebráveis de polietileno tereftalato de 30 ml, 60 ml e 90 ml, hermeticamente fechados por um vedante de borracha e uma tampa de alumínio selada.
Caixa de cartão com um frasco, 1 dispositivo médico, 1 dispositivo de doseamento, 2 luvas.
É possível que não sejam comercializadas todas as apresentações.

Precauções especiais para a eliminação de medicamentos veterinários não utilizados ou de resíduos derivados da utilização desses medicamentos
O medicamento veterinário não utilizado ou os seus resíduos devem ser eliminados de acordo com os requisitos nacionais.

Titular da autorização de introdução no mercado
VIRBAC S.A - 1ère Avenue – 2065 m – I.I.D. – 06516 CARROS
+ 33/ 4 92 08 73 04
+ 33/ 4 92 08 73 48
dar@virbac.fr

Número(s) de registo da autorização de introdução no mercado
011/01/07DFVPT

Data da primeira autorização/renovação da autorização
27-Abril-2007


Data da revisão do texto
Abril 2007




Hoje fazem 5 dias desde o início do tratamento. Como ela tem 8kg, o frasco de 30 mL é suficiente. A quantidade do medicamento varia de acordo com o peso, e ela está tomando 1 mL por dia. A bula indica que o remédio seja adicionado à comida do animal, mas como ela é bem chatinha pra comer eu achei melhor não arriscar. Então ela está tomando a dosagem indicada direto na boca, com o auxílio da seringa que acompanha o remédio. A bula fala, também, de alguns possíveis efeitos colaterais, como vômito e diarréia. Portanto estou atenta às reações. Mas até então, não houve nenhuma. No entanto é preciso que ela coma algo antes ou logo após tomar o remédio, para diminuir os possíveis efeitos colaterais. Houve somente um dia em que ela tomou o remédio e não comeu. Pude notar que ela tinha tremores por todo o corpo. Mas, logo em seguida, comeu e os tremores pararam. 

Hoje postarei fotos das lesões (orelha, dorso e olhos) para, posteriormente, comparar o antes e o depois.



Antes de começar esse post, devo destacar aqui que não existe cura para a Leishmaniose. O que acontece é que a doença “estaciona”. O cão deixa de apresentar sintomas, podendo levar uma vida normal. 

Com a decisão de tratar, recebi, do veterinário, algumas recomendações. Duas medidas deveriam ser tomadas, sendo elas a profilaxia e o tratamento da doença.

Para profilaxia, deveria ser utilizada uma coleira repelente do mosquito e vacinas anuais. Para o tratamento, além da droga que trataria a Leishmania em si, deveria ser utilizado: ração para cães de pele sensível, remédios para tratar as lesões e vitaminas para a pele.

Com relação à droga que agiria no combate do parasito, haviam duas opções: 

1) Milteforan; 
2) Alopurinol + Anfotericina B.

No caso do Milteforan, o tratamento seria feito somente uma única vez, durante 28 dias. Porém, sua venda é proibida no Brasil. 
No caso do Alopurinol + Anfotericina B, apesar da sua venda ser permitida no Brasil, o tratamento teria de ser feito durante toda a vida do animal.

No meu caso, o remédio escolhido foi o Milteforan (falarei detalhadamente sobre ele em outro post). Apesar do alto custo e das complicações para adquiri-lo, concluí que seria a melhor opção. O tratamento seria rápido e, segundo informações que adquiri por meio de pesquisas e leituras, efetivo. Também optei pelo uso da coleira Scalibor, por ter um grande reconhecimento no mercado. A ração sugerida pelo veterinário foi a da marca Cibau, para cães de pele sensível. O remédio escolhido para tratar as lesões foi o Dermotrat, que é antifúngico, antibacteriano e anti-inflamatório. E, por fim, o suplemento escolhido para a pele foi o Ômega 3, da Organnact.

De modo resumido, o tratamento ficou assim:

1. Milteforan
2. Cibau para cães de pele sensível
3. Ômega 3 
4. Dermotrat (creme)
5. Coleira Scalibor


E com relação aos custos, ficou assim:

Milteforan 
 R$ 930,00
Cibau  R$ 41,00 (1kg) 
Coleira Scalibor  R$ 90,00
Dermotrat  R$ 52,90
Ômega 3  R$ 27,50

Ficando, no total, R$ 1.141,00.



Uma beagle de 8 meses, nascida no dia 05/04/2014. Esperta, brincalhona e com lindas manchas, como todo beagle deve ser. Desde o seu nascimento, recebeu os cuidados necessários e tomou todas as vacinas recomendadas. Inclusive a vacina contra a Leishmaniose.


Tudo começou com uma pequena ferida na parte interna de uma das orelhas. Inicialmente diagnosticado como otite e fungo, o tratamento foi feito à base de pomada, remédio para uso interno (ouvido) e shampoo apropriado. Sem resultados positivos, um segundo tratamento foi feito, desta vez à base de fungicida, antibiótico e shampoo apropriado. Apresentando resultados somente durante o tratamento, as lesões voltavam imediatamente após o seu encerramento. E voltavam cada vez piores. No intervalo entre os dois tratamentos, uma nova lesão surgiu, desta vez no dorso das costas. Levando-a a outro veterinário, um teste rápido de Leishmaniose foi feito, obtendo resultado positivo. Na bula do teste, falava-se na possibilidade de reação cruzada devido à vacina que ela havia tomado há pouco tempo. O veterinário recomendou que fosse feito o teste do Mielograma para tirar a contra prova. Além da punção de medula, no Mielograma também estavam inclusos punção aspirativa de linfonodo e raspado de pele. Por fim, a Leishmania não foi encontrada na medula, como esperado, e nem no linfonodo, mas sim no raspado de pele da orelha. Sim, aquela orelha que já vinha apresentando problemas desde o começo.

No Nordeste, sabemos que a Leishmaniose é uma doença endêmica, ou seja, uma doença que se manifesta apenas em uma determinada região, de causa local. Sabemos também que aqui no Brasil a cultura é de sacrifício dos cães. Por conta disso, quando constatada a doença, a sugestão do médico veterinário foi sacrifício. Contudo, após o susto e o desespero inicial, a minha decisão foi a de tratar. E é aqui que esse blog entra.

Este blog não foi feito com o intuito de prescrever qualquer tipo de tratamento para a Leishmaniose Canina, e sim de acompanhar e relatar, dia-a-dia, o tratamento (que será detalhado em um outro post). Espero que este blog possa, de alguma forma, ajudar aqueles que se encontram na mesma situação.