quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
Olá!

Após quase um mês sem postar aqui, trago novidades. A demora tem uma justificativa, pois como eu já havia dito no último post, com o fim do tratamento algumas novas medidas seriam necessárias, então agora vou explicar tudo pra vocês.

Quem acompanha o blog desde o início sabe como essa história começou, e o porquê desse blog ter sido criado. Pra quem não acompanha desde o começo, farei um apanhado geral. Para mais detalhes, é só clicar aqui.

Quando minha beagle foi diagnosticada com Leishmaniose, o diagnóstico foi feito através do mielograma, que consistia em: raspado de pele das lesões, punção aspirativa de medula óssea e punção aspirativa de linfonodo. Com a análise dessas três amostras, vinha o diagnóstico final. Quando o cão está infectado, o local mais provável de encontrar a Leishmania é na medula. No caso da minha beagle (que na época tinha duas lesões, uma na orelha e outra no dorso) no entanto, o protozoário foi encontrado somente no raspado de pele da orelha. Após o teste ter dado positivo, tomei a decisão de tratar. O medicamento escolhido para o tratamento foi o Milteforan (mais detalhes sobre o tratamento aqui), que tinha a proposta de, basicamente, estacionar a doença.

O tratamento durou um mês e, quando chegou ao fim, precisei aguardar um intervalo mínimo de 15 dias para refazer o teste de Leish. Nesse intervalo de dias, pude observar uma grande melhora. Ela, que já estava apática há algum tempo, agora está elétrica (inclusive, aprontando bastante). Além disso, também pude notar que ela ganhou peso, e as lesões desapareceram. Está visivelmente mais saudável.

Por fim, após muita espera e expectativa, o novo exame finalmente foi feito, e é com muita alegria que anuncio que o resultado do teste foi: NEGATIVO!

Como isso é possível?
Como já foi dito aqui no blog, a Leishmaniose não tem cura. No caso da minha beagle, esse resultado foi possível devido à ação do medicamento. O Milteforan, basicamente, encapsula a Leishmania. Esse encapsulamento significa que o protozoário não está circulante. E se ele não está circulando no corpo, ele está, digamos, "bloqueado". Ou seja, ela não apresentará sintomas da doença e nem vai transmiti-la.

O que deve ser feito a partir de agora?
Apesar do teste ter dado negativo, a partir de agora serão necessárias algumas medidas:

 Exames periódicos para controle e monitoramento da saúde (em média de 6 em 6 meses);
 Uso da coleira repelente (Scalibor) e vacinação anual contra a Leish (pois o risco de uma nova contaminação é sempre possível).

Então o principal agora é: monitorar e proteger.

Como a doença foi diagnosticada precocemente, ela não teve nenhum comprometimento de saúde (fígado e rins, frequentemente afetados pela doença, estavam normais), então não haverão sequelas.

Para finalizar esse post, queria destacar aqui algumas coisas importantes  dicas/apelos.

I. Tenha em mente que apenas o exame de sangue não é, de maneira nenhuma, suficiente para fazer a constatação da doença com 100% de segurança, e sim o mielograma (me pergunto quantos cães já foram injustamente sacrificados por conta de um falso positivo). É muito importante também que o diagnóstico seja feito com as três amostras já anteriormente citadas, pois por experiência própria posso afirmar que o parasita pode estar somente em uma das amostras, e não necessariamente na medula.

Sacrificar um animal cujo diagnóstico foi baseado apenas no exame de sangue é um crime. Apenas o mielograma pode detectar a doença com precisão. E mais: nem todo animal contaminado é infectivo. Dependendo da proporção da atividade parasitária, ele é incapaz de transmitir a doença ao ser humano.

II. Se o seu animal foi diagnosticado com Leishmaniose, mantenha a calma. Saiba que apesar das dificuldades injustamente impostas pelo governo, o tratamento existe e o seu bichinho tem boas perspectivas de sucesso, podendo levar uma vida normal e saudável (sem sofrimentos, como alguns desinformados a respeito do assunto costumam afirmar).

III. Nós podemos e devemos mudar essa realidade tão absurda que é o sacrifício dos animais doentes, medida essa que de forma nenhuma contribui para o controle da doença. Acontece que o nosso país é de uma cultura tão miserável, que além de recomendar o sacrifício dos cães doentes, também proíbe a venda do medicamento para o tratamento, o que é inaceitável, pois em toda a Europa ele é utilizado e com resultados confirmados.

Será que a melhor forma de combate à Dengue é o sacrifício das pessoas doentes ao invés do controle do Aedes aegypti? Não, né?! Então por que a melhor forma de combate à Leishmaniose seria o sacrifício dos animais doentes ao invés de focar no controle do mosquito-palha? Não faz o menor sentido! É preciso refletir. Está mais do que na hora de repensarmos algumas coisas.

IV. O cão não é o vilão! A real causa da doença é a falta de saneamento básico, que permite a disseminação do mosquito transmissor e de outros hospedeiros (como os roedores).

Por fim, quero agradecer a todos aqueles que acompanharam o blog, que ajudaram de alguma forma e que torceram pela recuperação da minha Pipa.

Como já foi anteriormente citado, essa página não foi feita com o intuito de prescrever qualquer tipo de tratamento para a Leishmaniose canina, e sim com o intuito de reunir informações (muitas vezes não tão acessíveis) que possam orientar e auxiliar todos aqueles que estejam passando pela mesma situação. Eu realmente espero que esse intuito seja alcançado.

Muito obrigada!